sábado, 23 de abril de 2022

vírus

 

Caminho escondido

entre o som e o zumbido

a dor e a flor

complexo banido

uma gota um sinal

a febre e a rouquidão

uma chaga desilusão

e uma força brutal

Sou aresta e és tudo

o cubo que me abraça

a raça de ser

humano


Felisbela Baião (Rosa Alentejana)

imagem da net



segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

História que não quis terminar

 



Ela escreve na memória

A história que foi vossa

Não importa se é prosa

Ou quintilha já antiga

Se é poema ou cantiga

Ela sabe-a de cor

 

Conhece-lhe por dentro

O eterno sentimento

Que viveram num raio de luz

Um risco no firmamento

Uma pedra rolando

Uma rosa em contraluz

 

Ela escreve a desventura

Dá-lhe um cunho pessoal

Transforma a doce ternura

Num escuro abissal

Tal como toda a história

Que se conta, é natural

 

Desconhece o que os levou

Àquele banco de jardim

Quando o sol anunciou:

- É tempo de chegar ao fim,

De esta história terminar

Mas a história perdura naquele lugar

 

Cada abraço, cada beijo

Contado por ela o desejo

Não faz jus àquele lugar

Só eles sabem quão fracos

Se sentiram nos braços do seu amar

Até hoje vive a história, que não quis terminar


Felisbela Baião

(imagem da net)

terça-feira, 16 de novembro de 2021

Avó "emprestada"

 

Sempre tive família “emprestada”. Ora sobrinhos, ora irmãos, ou outros quaisquer. Esta era a minha avó “emprestada”. Aquela que me ouvia e a quem eu escutava com toda a atenção de menina. Fascinava-me a enciclopédia que tinha na cabeça, eternamente penteada de “tarelo”. Ela conhecia as orações para benzer de mau olhado, mais as ervas que curavam as dores de estômago, sabia os ciclos das colheitas e histórias de fantasmas. Tudo contado pela boca pequena, sem dentes e com cheiro ao alho das açordas. Os seus olhos eram borboletas pequeninas sempre em busca de alguém para conversar. Tinha o corpo roliço, cheio de rugas escuras do pó. Os seus abraços eram quentes e cheiravam a avó. A sua gargalhada era como um copo cintilante de cristal, tão limpo como a sinceridade que carregava como fardo. Muitas vizinhas não lhe falavam, não sei porquê. Mas ela tinha tanto amor para dar, com a família emigrada, que me procurava muitas vezes. E eu nunca dizia que não.

- Anda daí filha, que preciso de escrever para as minhas filhas, não te importas?

- Claro que não! Vamos!- dizia eu feliz.

- Então começa assim: ”minha querida filha, espero que se encontrem bem, que eu bem com o resto da família, graças a Deus…” – depois era um nunca terminar de frases que eu compunha como podia e sabia, na minha imaginação de menina.

A minha avó “emprestada” não sabia ler nem escrever. Eu compunha as suas cartas. Hoje lembrei-me dela, com todo o carinho de criança.

Ainda bem que aprendi a ler e a escrever. Fui útil naquela altura.

- Beijinho avó!

Felisbela Baião (Rosa Alentejana)



sábado, 15 de janeiro de 2011

O Dia da Escola está a chegar!

O Dia da Escola está a chegar!
É já na próxima Quinta-feira que a comunidade escolar poderá observar e participar nas diversas actividades que irão decorrer, um pouco por toda a escola.
Aqui fica a lista de actividades que serão desenvolvidas.